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serendipista
1 min readOct 3, 2023

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Recordo-me de quando dediquei semanas inteiras à criação de um boneco feito exclusivamente com folhas de papel na minha infância, em meio à febre da Barbie e as Três Mosqueteiras — essa era a minha personalidade por um tempo até eu descobrir a One Direction.

Houve uma fase em que gastei uma quantia considerável em cadernos e folhas para aquarela da Canson, inundando meu histórico no YouTube com tutoriais de pintura. Lembro que até criei um Instagram para me dedicar às artes visuais, que duraram alguns meses…

Uma vez uma paixão platônica surgiu, tão intensa que eu frequentava incessantemente os mesmos lugares que aquela pessoa, movido pela simples vontade de vê-la. Depois perdeu a graça.

Eu tenho vários picos de hiperfoco, e a única previsão é que eles acabam até começar outro.

Tenho muito medo que você seja meu hiperfoco. Mesmo abominando a sensação de perder o controle, eu não tenho domínio nisso. Não costumo recuar quando mergulho assim, sabe? Rendo-me por completo, entregando-me à intensidade — mesmo que só na minha cabeça. Até que, inevitavelmente, o cansaço se instale e o meu hiperfoco se torna tedioso. E eu raramente volto atrás.

Há um receio de te ferir, pois reconheço que toda a paixão que despejo em algo pode dissipar-se abruptamente. O comprometimento me provoca certo desconforto, como se enraizar fosse um desafio demasiado árduo para alguém como eu.

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